Mais um post com comentários sobre um vídeo com um tema tão importante quanto pesado.
É mais um apelo emocionado de outro jovem que sofre com problemas de saúde mental.
Ele insiste sobre a necessidade de se quebrar um tabu ainda maior do que o da depressão: aquele atrelado ao suicídio.
Assista-o e leia meus comentários.
Mesmo que não compreenda bem o inglês você pode assisti-lo. Basta clicar no botão “cc” e depois no botão “settings” e selecionar a opção “portuguese”.
Acredito que qualquer pessoa que já tenha tido ideias suicidas, deva se identificar com este relato.
Sei que é um tema bem desagradável. Todavia pacientes e psiquiatras, que são os maiores interessados no problema, não podem deixar que isso os intimide.
Compreendermos melhor o que se passa com alguém que age dessa forma é o primeiro passo para tentarmos minorar a seguinte grave situação:
No ano passado, quase um milhão de pessoas no mundo tiraram a própria vida, sendo que 90% delas sofriam com algum transtorno mental.
Se o problema é tão grave assim, por que é um tema tão evitado?
Bem, há vários motivos para isso. Mas acredito que o principal seja o seguinte:
Quando ouvimos sobre um caso de suicídio, a nossa tendência é fazer um julgamento moral.
Não é?
Naturalmente, pensamos: como uma pessoa pode agir contra si mesma de maneira tão drástica?
As respostas variam desde: “deve ser louco”, até “cada um sabe de si”. Isto é: ou a pessoa perdeu totalmente o juízo ou fez uma escolha completamente consciente.
Tudo relacionado a uma escolha, nos instiga a fazer um julgamento moral.
De fato, há um processo de tomada de decisão envolvido. No entanto, em que circunstâncias?
Num momento de desespero em que a pessoa não tem clareza para tomar uma decisão racional, pois está dominada por emoções negativas e falta de perspectiva.
No vídeo, o palestrante deixa isso bem claro. Ele sabe bem como é pois já esteve neste estado.
Justamente por conta disso que estou postando este vídeo aqui. Porque evidencia o quão complicado é fazermos julgamento moral num caso desses.
Não é possível entender uma atitude dessas, quando estamos bem e com as funções mentais relativamente estáveis.
Na grande maioria dos casos, a pessoa que tenta se matar está, nas palavras do palestrante, com “a perspectiva reduzida”.
Em suma, a pessoa apresenta-se com livre arbítrio bem prejudicado, mesmo que ainda tenha algum.
Então, nenhum dos julgamentos acima procede. Na maioria das vezes, o indivíduo não está nem completamente ajuizado nem totalmente louco.
Por Dr. Ivan Barenboim, Médico Psiquiatra e Diretor da Clínica OHR Psiquiatria
CRM 155.444 Registro de Qualificação de Especialista 53559